Expectativa Frustrada Quão melhor é apercebermo-nos de que as origens da ira são insignificantes e inofensivas! O que tu vês acontecer junto dos animais, também encontrarás nos homens: vivemos perturbados por coisas frívolas e vãs. O vermelho excita o touro, a áspide ergue-se perante uma sombra, um pano atiça um urso ou um leão: todos os seres da natureza ferozes e selvagens se assustam com coisas vãs. O mesmo acontece com os espíritos inquietos e insensatos: são vencidos pelas aparências; é por isso que consideram ofensiva uma gratificação modesta, a causa mais frequente da ira ou, pelo menos, a mais amarga de todas. De facto, iramo-nos com aqueles que nos são mais queridos porque nos deram menos do que esperávamos ou menos do que os outros obtiveram; para qualquer um dos casos, há um remédio. Ele deu mais a outro homem: contentemo-nos com a nossa parte, sem fazermos comparações: nunca será feliz aquele que atormenta quem é mais feliz que ele. Recebi menos do que esperava: talvez esperasse mais do que me era devido. Este capricho é um dos mais temíveis, pois dele nascem as iras mais perniciosas e mais capazes de atentar contra as coisas mais sagradas. Séneca, in 'Da Ira' |
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
A expectativa incita a ira
Frase do dia..Platão
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Sociedade de consumo e o Consumo da Sociedade
Nos países subdesenvolvidos, a arte (literatura, pintura, escultura) entra quase sempre em conflito com as classes possidentes, com o poder instituído, com as normas de vida estabelecidas. Em revolta aberta, o artista, originário por via de regra da média e da pequena burguesia ou mais raramente das classes proletárias, contesta o statu quo, propõe soluções revolucionárias ou, quando estas não podem sequer divisar-se, limita-se a derruir (ou a tentar fazê-lo pela crítica, violenta ou irónica) o baluarte dos preconceitos, das defesas que os beneficiários do sistema de produção ergueram contra as aspirações da maioria. Nas sociedades industriais mais adiantadas, o artista pode permanecer numa atitude idêntica de inconformismo; porém, os resultados da sua actividade de criação e reflexão tornam-se matéria vendável e, nalguns casos, matéria integrável.
O consumo do objecto artístico, seja ele o livro, o quadro ou o disco, quando feito sob uma tutela de opinião, que os meios de comunicação de massa, em escala larguíssima , exercem, torna-se, senão totalmente inócuo, pelo menos parcialmente esvaziado do seu conteúdo crítico. Despotencializa-se. Amolece. É o que se verifica, por exemplo, em boa parte, nos Estados Unidos. A ideologia repressiva da liberdade no mundo capitalista monopolista torna-se tanto mais perigosa quanto aborve, ou procura absorver, as próprias formas políticas de exercício das liberdades ditas essenciais, quando aceita no seu seio o escritor, acusador iconoclasta por natureza, recuperando-o em banho asséptico, limando-lhe os dentes. Mas, entendamo-nos, nem sempre o artista se dá conta dessa operação, até porque nem sempre, de facto, é ele próprio o paciente da operação que lhe reduz a perigosidade, senão que o é, sim, a sua obra, a qual, pelo poder diminutivo de uma dada comercialização, se rectifica.
Urbano Tavares Rodrigues, in "Ensaios de Escreviver"
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Defesa da polícia?
domingo, 13 de setembro de 2009
O valor do ceticismo...
A necessidade de crer, a necessidade de um sim e de um não absolutos é sinal de fraqueza, e toda a fraqueza é uma fraqueza da vontade. O homem de fé, o crente é, necessariamente, de uma espécie inferior; disso resulta a liberdade de espírito, ou seja, a descrença instintiva: uma condição de grandeza.
Friedrich Nietzsche, in 'A Vontade de Poder'
sábado, 12 de setembro de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
Tudo na mesma...
Eu desconfiava: todas as histórias em quadrinho são iguais.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Frase do dia...Joseph Stálin
Em homenagem a minha nova musa...
sexta-feira, 17 de julho de 2009
sábado, 11 de julho de 2009
Poeta Só
Poeta Só
Prende-me tua pele ao perfume dos teus seios e sinto que o mundo em mim se fechou.
Jardins de vida me trazes, odor de brilho aberto, em voo de gaivota rente ao mar.
Esse fulvo encontro me encanta à noite se à janela procuro o entrelaçado da tua memória.
Ouço a noite no céu estelar cantar a nossa solidão: o meu coração perdido em teu olhar, e o odor da tua pele por mim espera para que em ti se levante.
Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor"
quinta-feira, 2 de julho de 2009
domingo, 21 de junho de 2009
Frase do Dia...Augustina Bessa-Luís
Ouça e Obedeça!!!
O característico principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo.
O característico distintivo do homem que nasceu para obedecer é que sabe mandar só nos outros, sabendo obedecer também. O homem que não nasceu nem para uma coisa nem para outra distingue-se por saber mandar nos outros mas não saber obedecer.
O homem que nasceu para mandar é o homem que impõe deveres a si mesmo. O homem que nasceu para obedecer é incapaz de se impor deveres, mas é capaz de executar os deveres que lhe são impostos (seja por superiores, seja por fórmulas sociais), e de transmitir aos outros a sua obediência; manda, não porque mande, mas porque é um transmissor de obediência. O homem que não nasceu nem para mandar nem para obedecer sabe só mandar, mas como nem manda por índole nem por transmissão de obediência, só é obedecido por qualquer circunstância externa - o cargo que exerce, a posição social que ocupa, a fortuna que tem...
Fernando Pessoa, in 'Teoria e Prática do Comércio'
terça-feira, 16 de junho de 2009
Mamãe eu sou Reaça!!!
Frase do dia...João
terça-feira, 9 de junho de 2009
Frase da Década...Barack Obama
Discurso do Século...Barack Obama
Nos reunimos num momento de tensão entre os EUA e muçulmanos em várias partes do mundo - tensão que brota de forças históricas e vão além do atual debate político. As relações entre o Islam e o ocidente incluem séculos de coexistência e cooperação, mas também conflitos e guerras religiosas. Mais recentemente, a tensão foi alimentada pelo colonialismo que nega direitos e oportunidades a muitos muçulmanos, e uma guerra fria na qual países de maioria muçulmana são muitas vezes tratados como fantoches, sem atenção às suas aspirações. Além disso, as rápidas mudanças trazidas pela modernidade e pela globalização levaram muitos muçulmanos a ver o ocidente como hostil às tradições do Islam.
Extremistas violentos exploraram essas tensões em minorias pequenas, mas potentes, de muçulmanos. Os ataques de 11/9/2001 e os continuados esforços daqueles extremistas em ações de violência contra civis, levaram alguns, no meu país, a ver o Islam como inevitavelmente hostil, não só aos EUA e aos países ocidentais, mas hostil também aos direitos humanos. O que alimentou mais medo e desconfiança.
Enquanto nossas relações forem definidas por nossas diferenças, mais força daremos aos que semeiam ódio, não paz; e aos que promovem conflitos, não a cooperação que pode ajudar nosso povo a alcançar justiça e prosperidade. Esse ciclo de suspeitas e discórdia tem de acabar.
Vim até aqui em busca de um recomeço, entre os EUA e os muçulmanos de todo o mundo; recomeço baseado em interesse mútuo e mútuo respeito; e baseado na verdade de que os EUA e o Islam não são exclusivos e não precisam viver em competição. Em vez disso, somam-se e partilham princípios comuns – princípios de justiça e progresso; de tolerância e de respeito à dignidade de todos os seres humanos.
Reconheço que a mudança não pode acontecer da noite para o dia. Nenhum discurso pode pôr fim a anos de desconfiança, nem posso, eu, com meu pouco tempo de governo, ter resposta para todas as complexas questões que nos trouxeram ao ponto em que estamos. Mas estou convencido de que, para andar adiante, temos de falar abertamente o que escondemos nos nossos corações, e, também, o que se diz por trás de portas fechadas. Temos de manter esforço sustentado para nos ouvir, uns os outros; para aprender uns dos outros; para respeitar uns os outros; e para procurar terreno comum. Como ensina o santo Corão: “Sê consciente de Deus e dize sempre a verdade.” É o que tentarei fazer – dizer a verdade, do melhor modo que consiga, sob o peso da enorme tarefa à nossa frente, e firme na minha crença de que os interesses que partilhamos como seres humanos são mais poderosos que as forças que nos mantêm afastados.
Parte dessa convicção tem raízes na minha própria experiência. Sou cristão, mas meu pai é família queniana com várias gerações de muçulmanos. Menino, vivi muitos anos na Indonésia e ouvia o chamamento do azaan (o canto que convoca os muçulmanos para as orações) ao nascer do dia e ao cair da noite. Jovem adulto, trabalhei em comunidades, em Chicago, nas quais muitos encontravam dignidade e paz em sua fé muçulmana.
Na universidade, aluno de história, também conheci civilizações que muito devem ao Islam. Foi o Islam – em lugares como a Universidade al-Azhar – que conduziu a luz do saber ao longo de muitos séculos, pavimentando o caminho para o Renascimento e o Iluminismo europeus. A inovação, em comunidades muçulmanas, desenvolveram a álgebra; a bússola e outros instrumentos de navegação; o manejo dos pincéis e penas e a imprensa; o que sabemos sobre como as doenças disseminam-se e como podem ser curadas. A cultura islâmica deu-nos seus arcos majestosos e as espirais; a poesia eterna e a música; a caligrafia mais elegante e locais de contemplação. E, ao longo da história, o Islam demonstrou por palavras e ações, as possibilidades da tolerância religiosa e da igualdade racial.
Sei, também, que o Islam sempre foi parte da história dos EUA. A primeira nação a reconhecer meu país foi o Marrocos. Ao assinar o Tratado de Trípoli, em 1796, nosso segundo presidente, John Adams, escreveu: “Os EUA não tem, em sim nenhum traço de inimizade contra as leis, a religião ou a tranquilidade dos muçulmanos.” E desde o nascimento dos EUA, os muçulmanos norte-americanos enriqueceram os EUA. Lutaram nossas guerras, serviram ao governo, lutaram pelos direitos civis, empreenderam, iniciaram negócios, ensinaram em nossas universidades, conquistaram medalhas em arenas esportivas, receberam Prêmios Nobel, construíram nossos mais altos arranha-céus e acenderam a tocha Olímpica. Quando o primeiro muçulmano norte-americano foi recentemente eleito para o Congresso, ele jurou defender nossa constituição, sobre o mesmo Santo Corão que um dos pais fundadores dos EUA – Thomas Jefferson – guardava em sua biblioteca pessoal.
Assim conheci o Islam em três continentes, antes de chegar à parte do mundo onde foi revelado. Essa experiência guia minha convicção de que a parceria entre EUA e o Islam tem de basear-se sobre o que é o Islam, não sobre o que ele não é. E entendo como parte de minha responsabilidade como presidente dos EUA lutar contra os estereótipos negativos do Islam, onde apareçam.
Mas esse mesmo princípio deve aplicar-se ao modo como os muçulmanos vêem os EUA. Assim como os muçulmanos não são um estereótipo, tampouco os EUA são estereótipo de império que só pensa em seus interesses. Os EUA têm sido uma das maiores fontes de progresso que o mundo jamais conheceu. Nascemos de uma revolução contra um império. Fomos fundados sobre o ideal de que todos são criados iguais, e derramamos sangue e lutamos durante séculos para dar pleno sentido a essas palavras – dentro de nossas fronteiras e em todo o mundo. Somos modelados por todas as culturas, chegadas de todos os quadrantes da Terra, e dedicados a um simples conceito: E pluribus unum – “De muitos, um.”
Muito se disse de um afro-americano, de nome Barack Hussein Obama, ter sido eleito presidente. Mas minha história pessoal não é assim tão rara. O sonho da oportunidade para todos os povos ainda não se concretizou nos EUA, mas a promessa persiste para todos que cheguem às nossas costas, incluídos os cerca de 7 milhões de muçulmanos norte-americanos que hoje, nos EUA, gozam de condições de vida e educação superiores à média.
Além disso, a liberdade na América é indivisível da liberdade de religião. Há uma mesquita em cada estado dos EUA, mais de 1.200 mesquitas em todo o país. Por isso o governo dos EUA foi aos tribunais para proteger o direito de mulheres e meninas usarem o hijab, e punir os que tentassem negar-lhes esse direito.
Que não reste nenhuma dúvida: o Islam é parte dos EUA. E eu acredito que os EUA guardam consigo a verdade segundo a qual, independente de raça, religião ou idade, todos partilhamos aspirações comuns – viver em paz e segurança; obter boa educação e trabalhar com dignidade; amar a família, a comunidade e nosso Deus. Tudo isso todos partilhamos. Essa é a esperança de toda a humanidade.
Claro, reconhecer nossa humanidade comum é apenas a primeira de nossas tarefas. Só palavras não bastam para atender às necessidades de nosso povo. Essas necessidades só serão satisfeitas se agirmos firmemente nos próximos anos; e se entendermos que os desafios à frente são partilhados e que se fracassarmos, todos sofreremos.
Já aprendemos, de nossa experiência recente, que quando um sistema financeiro enfraquece, num país, a prosperidade de todos sofre, em todos os lugares. Quando uma gripe faz adoecer um ser humano, todos ficamos ameaçados. Quando uma nação trabalha para construir uma arma nuclear, o risco de ataques nucleares aumenta para todos os povos. Quando um extremista violento opera num desfiladeiro nas montanhas, há pessoas ameaçadas do outro lado do oceano. E quando inocentes são massacrados na Bósnia e Darfur, a mancha se alastra por toda nossa consciência coletiva. Isso é o que significa partilhar o mundo, no século 21. Essa é a responsabilidade que todos temos, uns com os outros, como seres humanos.
É uma responsabilidade difícil de assumir. A história humana tem sido, muitas vezes, história de nações e tribos que subjugam umas as outras para atender interesses que não são de todos. Nos novos tempos que vivemos, essas atitudes são de auto-derrota. Dada nossa interdependência, qualquer ordem mundial que ponha uma nação ou um povo acima dos demais, fracassará inevitavelmente. Assim, pensemos o que pensarmos do passado, não podemos ficar prisioneiros do passado. Nossos problemas têm de ser equacionados em espírito de parceria; temos de partilhar o progresso.
Isso não implica que se devam ignorar as fontes de tensão. De fato, sugere o contrário disso: temos de encarar abertamente essas tensões. Assim, nesse espírito, permitam que eu fale clara e abertamente sobre algumas questões que creio que temos de enfrentar juntos.
A primeira dessas questões que temos de enfrentar é o extremismo violento, em todas as suas formas.
Em Ankara, deixei claro que os EUA não estão – e jamais estarão – em guerra contra o Islam. Mas enfrentaremos sem descanso todos os extremistas violentos que ameacem nossa segurança. Porque rejeitamos o que homens e mulheres de todas as fés rejeitam: a morte de inocentes, homens, mulheres e crianças. E meu primeiro dever como presidente é proteger os norte-americanos.
A situação no Afeganistão demonstra os objetivos dos EUA e a necessidade de que todos trabalhemos juntos. Há mais de sete anos os EUA lutam contra a al-Qaida e os Taliban com amplo apoio internacional. Lá não estamos por escolha nossa; fomos para lá por necessidade. Sei que há quem questione e quem justifique os eventos do 11/9. Mas sejamos claros: a al-Qaida matou cerca de 3.000 pessoas, naquele dia. As vítimas foram homens, mulheres e crianças norte-americanas e de outras nações, inocentes, que jamais haviam feito mal a alguém. Mesmo assim, a al-Qaida escolher assassinar aquelas pessoas, assumiu a autoria do ataque e ainda hoje afirma sua determinação de matar outra vez em escala massiva. Eles têm braços em vários países e tentam ampliar sua área de alcance. Nada disso são especulações. Esses são fatos a serem enfrentados.
Que ninguém se engane: não desejamos manter nossas tropas no Afeganistão. Não queremos instalar bases lá. É agonia, para os EUA ver morrer nossos jovens, homens e mulheres. Esse conflito custa-nos muito e é politicamente difícil continuar aquela luta. Nós retiraríamos os nossos soldados de lá e com alegria os traríamos para casa, se pudéssemos ter certeza de que não há extremistas violentos no Afeganistão e no Paquistão, determinados a matar o maior número possível de norte-americanos. A situação ainda não é essa.
Por isso continuamos lá, numa coalizão de 46 países. E, apesar dos custos envolvidos, a determinação dos EUA não enfraquecerá. De fato, nenhum de nós pode tolerar esses extremistas. Eles já mataram em muitos países. Já mataram gente de várias fés –mais do que de todas, eles mataram muçulmanos. Aquelas ações são irreconciliáveis com os direitos humanos, com o progresso das nações e com o Islam. O Santo Corão ensina que quem mata um inocente, mata como se matasse toda a humanidade; e que quem salva um ser humano, salva como se salvasse toda a humanidade. A resistente fé de mais de um bilhão de seres humanos é muito maior que o ódio estreito de uns poucos. O Islam não é parte do problema de combater o extremismo violento – é parte importante da promoção da paz.
Sabemos também que só o poder militar não resolverá os problemas no Afeganistão e no Paquistão. Por isso, planejamos investir 1,5 bilhões de dólares ao ano, nos próximos cinco anos, para ajudar os paquistaneses a construir escolas e hospitais, estradas e empresas, e centenas de milhões para ajudar os que perderam suas casas. Por isso estamos oferecendo mais de 2 bilhões para ajudar os afegãos a desenvolver sua economia e oferecer os serviços de que as pessoas necessitam.
Sobre a questão do Iraque. Ao contrário do Afeganistão, o Iraque foi guerra que os EUA escolheram e provocou fortes discussões em meu país e em todo o mundo. Embora eu acredite que os iraqueanos estão hoje melhor, sem a tirania de Saddam Hussein, também acredito que os eventos do Iraque ensinaram aos EUA a necessidade de usar a diplomacia e de construir consenso internacional para resolver nossos problemas, sempre que possível. De fato, lembro as palavras de Thomas Jefferson: “Espero que nossa sabedoria aumente à medida que aumente nosso poder, e nos ensine que quanto menos usarmos nosso poder, mais ele aumentará.”
Hoje, os EUA têm dupla responsabilidade: ajudar o Iraque a forjar melhor futuro e entregar o Iraque aos iraqueanos. Deixei bem claro para os iraqueanos que não buscamos novas bases e nada queremos de seu território ou de seus recursos. A soberania do Iraque é do Iraque. Por isso ordenei a retirada de nossas brigadas de combate em agosto próximo. Por isso honraremos nosso acordo com o governo democraticamente eleito no Iraque, de retirar nossos soldados das cidades iraqueanas em julho e removê-las, todas, até 2012. Ajudaremos os iraqueanos a treinar suas forças de segurança e a desenvolver sua economia. Mas apoiaremos um Iraque seguro e único como parceiros, não como dominadores.
Por fim, assim como os EUA jamais tolerarão a violência dos extremistas, jamais alteraremos nossos princípios. O 11/9 foi enorme trauma para nosso país. O medo e a ira que provocou foi compreensível, mas em alguns casos levou-nos a agir ao contrário de nossos ideais. Tomamos ações concretas para mudar de curso. Proibi inequivocamente o uso de tortura pelos EUA, e ordenei que a prisão da baía de Guantânamo seja fechada até o início do próximo ano.
Portanto, os EUA defender-se-ão, respeitando a soberania das nações e sob o império da lei. E o faremos em parceria com comunidades muçulmanas que também são ameaçadas. Quanto antes os extremistas sejam isolados e não se sintam bem-vindos nas comunidades muçulmanas, mais rapidamente todos teremos mais segurança.
A segunda melhor fonte de tensão que temos de discutir é a situação entre israelenses, palestinos e o mundo árabe.
Todos conhecem os fortes laços que unem Israel e os EUA. São laços inquebráveis. Baseiam-se em ligações culturais e históricas e no reconhecimento da legitimidade da aspiração do povo judeu a ter uma pátria, aspiração que se baseia na sua trágica história que não pode ser negada.
Em todo o mundo, o povo judeu foi perseguido, e o antissemitismo na Europa culminou num Holocausto sem precedentes. Amanhã visitarei Buchenwald, um dos campos da rede de campos nos quais os judeus foram escravizados, torturados, executados a tiros e em câmaras de gás pelo Terceiro Reich. Seis milhões de judeus foram mortos – mais do que toda a população de judeus de Israel, hoje. Negar esses fatos é pensamento sem fundamento, é ignorância e é manifestação de ódio. Ameaçar Israel de destruição – ou repetir estereótipos vis sobre os judeus – é erro grave e só serve para evocar, na mente dos israelenses suas memórias mais dolorosas, impedindo que haja a paz que o povo daquela região merece.
Por outro lado, é inegável o sofrimento dos palestinos – muçulmanos e cristãos –em busca de uma pátria. Há mais de 60 anos sofrem a dor da deslocação. Muitos esperam em campos de refugiados na Cisjordânia, em Gaza e em terras próximas, por uma vida de paz e segurança que jamais puderam ter. Sofrem humilhações diárias – maiores e menores – resultado da ocupação. Aí tampouco não cabem dúvidas: a situação do povo palestino é intolerável. Os EUA não darão as costas às legítimas aspirações dos palestinos, por dignidade, oportunidades e um Estado seu.
Ao longo de décadas, o impasse permaneceu: dois povos com aspirações legítimas, cada um deles com sua história dolorosa que tornou quase impossível qualquer acordo. É fácil denunciar; os palestinos denunciam os refugiados criados pela fundação de Israel; e os israelenses denunciam a constante hostilidade e os ataques ao longo de sua história, de fora e de dentro de suas fronteiras. Mas se se vê o conflito ou pelos olhos de um, ou pelos olhos de outro, não vemos a verdade: a única solução possível para atender às aspirações dos dois lados é criarem-se dois Estados, nos quais israelenses e palestinos possam viver em paz e em segurança.
Atende aos interesses de Israel e atende aos interesses dos palestinos; atende aos interesses dos EUA e atende aos interesses do mundo. Por isso me aplicarei pessoalmente para chegar a esse resultado, com a paciência que a tarefa exige. Os deveres acordados pelas duas partes no “Mapa do Caminho” são claros. Para que se faça a paz, é tempo de eles – e todos nós – fazermos o que é de nossa responsabilidade.
Os palestinos devem abandonar a violência. Resistência mediante violência e morte é errada e a nada leva. Durante séculos os negros nos EUA sofreram o castigo do chicote como escravos e a humilhação da segregação. E não venceram pela violência, nem foi a violência que lhes trouxe a igualdade de direitos. Foi a insistência pacífica e determinada conforme os ideais que são o centro da fundação dos EUA. O mesmo se pode dizer de outros povos, da África do Sul ao Sul da Ásia; da Europa oriental à Indonésia. É uma história e uma verdade simples: a violência e caminho sem saída. Não é sinal nem de coragem nem de poder, disparar foguetes em quartos onde dormem crianças, ou explodir idosas em ônibus. Assim, nenhuma autoridade moral pode impor-se; assim, de fato, a autoridade moral rende-se.
É tempo de os palestinos focarem-se no que realmente podem construir. A Autoridade Palestina deve desenvolver sua capacidade para governar, com instituições que atendam às necessidades do povo. O Hamás tem apoio de alguns palestinos, mas também tem responsabilidades. Para cumprir seu papel e atender às aspirações dos palestinos, e para unir o povo palestino, o Hamás tem de desistir da violência, reconhecer acordos passados e reconhecer o direito de existência de Israel.
Ao mesmo tempo, os israelenses têm de reconhecer que, assim como não se pode negar o direito à existência de Israel, tampouco se pode negar o direito dos palestinos. Os EUA não aceitam a legitimidade da continuada construção de colônias israelenses. Essas construções violam acordos existentes e minam quaisquer esforços que se faça com vistas à paz. A construção de colônias tem de parar.
Israel deve também cumprir sua obrigação de garantir que os palestinos possam viver, trabalhar e desenvolver sua sociedade. Assim como leva devastação às famílias palestinas, a continuada crise humanitária em Gaza não contribui para a segurança de Israel; nem a continuada falta de oportunidades na Cisjordânia. Permitir melhores condições de vida diária para o povo palestino tem de ser parte da via da paz. E Israel deve tomar medidas concretas para tornar possíveis aquelas condições.
Por fim, os Estados árabes devem reconhecer que a Iniciativa da Paz Árabe foi importante primeiro passo, mas não põe fim a todas as responsabilidades. O conflito árabes-Israel não deve continuar a ser usado para distrair a atenção dos povos de nações árabes, de outros problemas. Em vez disso, deve ser causa de ações para ajudar o povo palestino a desenvolver instituições que sustentem um Estado palestino; para reconhecer a legitimidade de Israel; e para escolher o progresso, em vez do foco de autoderrota, do passado.
Os EUA alinharemos nossas políticas ao lado dos que busquem a paz. Diremos em público o que dizemos privadamente aos israelenses, aos palestinos e aos árabes. Não podemos impor a paz. Privadamente, muitos muçulmanos reconhecem que Israel não sairá de lá. Assim também, muitos israelenses reconhecem que é preciso criar um Estado palestino. É tempo de os EUA agirem na direção do que todos sabem que é verdade.
Muitas lágrimas já correram. Muito sangue já foi derramado... Todos temos a responsabilidade de agir para que chegue o dia em que mães israelenses e palestinas possam ver seus filhos crescer sem medo; quando a Terra Santa das três maiores religiões seja o lugar de paz que Deus quer que sejam; quando Jerusalém seja lar seguro e permanente para judeus, para cristãos e para muçulmanos, e lugar onde todas as crianças de Abraão vivam juntas e em paz, como na história de Isra, quando Moisés, Jesus e Maomé (que a paz esteja com eles) reuniram-se em oração.
A terceira fonte de tensão é o interesse que todos temos quanto aos direitos e responsabilidade das nações, quanto às armas nucleares.
Essa questão tem sido uma fonte de tensão entre os EUA e a República Islâmica do Iran. Por muitos anos, o Iran definiu-se em parte pela oposição ao meu país e há, sim, uma história tormentosa entre nós. No meio da Guerra Fria, os EUA desempenharam um papel na derrubada de um governo iraniano democraticamente eleito. Desde a revolução islâmica, o Iran desempenha um papel em atos de tomada de reféns e ataques violentos contra soldados e civis norte-americanos. Essa história é bem conhecida. Mais do que nos deixar prender no passado, tenho repetido claramente aos líderes e ao povo iranianos que meu país está preparado para avançar. A questão, hoje, não tem a ver com o que o Iran seja contra, mas tem a ver, sim, com o futuro que o Iran queira construir.
Será difícil superar décadas de desconfiança, mas agiremos com coragem, retidão e determinação. Haverá questões a discutir entre os dois países e estamos dispostos a avançar sem precondições, a partir de mútuo respeito. Mas é claro que, em tudo quanto tenha a ver com armas nucleares, alcançamos um ponto sem volta. Não se trata apenas de defender interesses dos EUA. Trata-se de evitar uma corrida nuclear armamentista no Oriente Médio, que poria essa região do mundo em rota de imenso perigo.
Entendo os que protestam, porque alguns países têm armas nucleares e outros não têm. Nenhuma nação pode escolher e decidir quais nações tenham armas nucleares. Por isso, reafirmei fortemente o compromisso dos EUA com buscar um mundo em que nenhuma nação tenha armas nucleares. E todas as nações – inclusive o Iran – devem ter direito de desenvolver capacidades nucleares para finalidades pacíficas, desde que assumam os direitos e os deveres garantidos pelo Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares. Esse compromisso é o núcleo do Tratado e deve ser obrigatório pra todos que firmem o Tratado. Tenho esperanças que todos os países na Região partilhem esse objetivo.
A quarta questão da qual tratarei é a democracia.
Sei que tem havido controvérsia sobre a promoção da democracia nos anos recentes e muito dessa controvérsia está ligada à guerra no Iraque. Permitam-me ser claro: nenhum sistema ou governo pode ou deve ser imposto por uma nação a outra.
Isso, contudo, não enfraquece o meu compromisso com governos que reflitam o desejo popular. Cada nação dá vida a esse princípio à sua maneira, enraizado nas tradições de seu povo. Os EUA não têm a pretensão de saber o que é melhor para todos, tanto quanto não têm a pretensão de alterar o resultado de eleições pacíficas. Mas eu creio profunda e inabalavelmente que todos os povos anseiam por algumas coisas: a capacidade de se manifestar e de ter voz sobre como cada um é governado; confiança na lei e na justa administração da justiça; governo transparente que não roube o povo; liberdade para viver como se escolha viver. Não são só ideias norte-americanos: esses são direitos humanos, e, por isso, os EUA os apoiarão sempre, em todos os lugares.
Não há caminho simples para cumprir essa promessa. Mas há, de claro, o seguinte: governos que protejam esses direitos acabam sempre por ser mais estáveis, mais bem-sucedidos e a oferecer melhor segurança. Suprimir ideias jamais conseguiu fazê-las desaparecer. Os EUA respeitam o direito de todas as vozes pacíficas e respeitadoras da lei que se façam ouvir em todo o mundo, ainda que discordem delas. E acolheremos todos os governos eleitos e pacíficos – sempre que governem com respeito a todo o povo.
Esse último ponto é importante porque há os que defendem a democracia só enquanto estejam longe do poder; uma vez chegados ao poder, tornam-se cruéis opressores dos direitos de outros. Não importa onde seja, o governo do povo e pelo povo é padrão simples para todos os que cheguem ao poder: é indispensável manter o poder pelo consenso, não pela coerção; é indispensável respeitar os direitos das minorias, e participar, com espírito de tolerância e respeito aos acordos; é indispensável pôr o interesse do povo e os resultados legítimos do processo político acima do partido de cada um. Sem esses ingredientes, só eleições não bastam para produzir verdadeira democracia.
A quinta questão de que devo falar também é a liberdade de religião.
O Islam tem honrada tradição de tolerância. Vemos na história da Andaluzia e de Córdoba, durante a Inquisição. Vi em primeira mão, criança na Indonésia, onde cristãos devotos gozam de liberdade de culta em país predominantemente muçulmano. Precisamos desse espírito, hoje. Todos, em todos os países, devem ser livres para escolher e viver a própria fé, por persuasão de mente, coração e alma. Essa tolerância é essencial para que as religiões floresçam, tanto quanto é ameaçada por muitos e diferentes modos.
Entre os muçulmanos, há uma perturbadora tendência a avaliar a própria fé pela rejeição de outras fés. A riqueza da diversidade religiosa deve ser defendida – seja para os maronitas no Líbano ou os coptas no Egito. Devem-se costurar as fraturas também entre os muçulmanos; as divisões entre sunitas e a Xia já levaram a muito trágica violência, sobretudo no Iraque.
A liberdade de religião é central para que os povos consigam viver juntos, Devemos sempre examinar os modos mediante os quais protegemos a liberdade de religião. Nos EUA, por exemplo, regras sobre doações para finalidades religiosas tornaram difícil, para muitos muçulmanos, cumprir algumas de suas obrigações. Por isso comprometi-me a trabalhar ao lado dos muçulmanos norte-americanos, para que possam cumprir o dever de pagar o zakat.
Assim também, é importante que os países ocidentais evitem impedimentos para que os cidadãos muçulmanos pratiquem a religião como decidam praticá-la – por exemplo, tentando determinar o tipo de roupa a ser usado pelas mulheres muçulmanas. Impossível não ver que há hostilidade disfarçada contra algumas religiões, por trás dessa máscara de liberalismo.
A religião deve, sempre, nos unir, todos. Por isso, estamos preparando projetos públicos para aproximar cristãos, muçulmanos e judeus. Por isso acolhemos com alegria os esforços do rei Abdullah da Arábia Saudita, de seu diálogo entre várias religiões e a liderança da Turquia na Aliança das Civilizações. Em todo o mundo, temos de converter os diálogos em ações de aproximação entre as várias religiões, para, assim construir pontes que levem os povos à ação conjunta – seja para combater a malária na África, seja nos momentos de catástrofes naturais.
A sexta questão sobre a qual quero falar são os direitos das mulheres.
Sei que há muito debate sobre essa questão. Rejeito o ponto de vista de alguns no ocidente, de que a mulher que escolha cobrir os cabelos seria de algum modo menos igual às demais mulheres, mas também creio que se se nega educação às mulheres se lhes sonega direitos de igualdade. Não por acaso, os países em que as mulheres têm acesso a plena educação têm mais probabilidades de alcançar a prosperidade.
Quero aqui ser bem claro: a igualdade para as mulheres não é questão e objeto de discussão, nem é problema, só para o Islam. Na Turquia, no Paquistão, em Bangladesh e na Indonésia, vimos países com maioria de muçulmanos elegerem mulheres para postos de liderança. Ao mesmo tempo, prossegue a luta por direitos iguais para as mulheres em muitos campos da vida nos EUA e em vários outros países do mundo.
Nossas filhas podem contribuiu tanto, para a sociedade, quanto nossos filhos, e nossa prosperidade comum só aumentará de houver condições para que todos – homens e mulheres – alcancem seu pleno potencial. Não acho que as mulheres devem fazer as mesmas escolhas que os homens para serem iguais, e respeito as mulheres que escolham viver suas vidas nos papeis tradicionais femininos. Mas tem de ser escolha das mulheres. Por isso, os EUA trabalharão como parceiros de qualquer país de maioria muçulmana para apoiar a expansão da alfabetização para meninas, para estimular que as jovens trabalhem mediante microfinanciamentos que ajudem as pessoas a realizar seus sonhos.
Por fim, quero discutir desenvolvimento econômico e oportunidade.
Sei que, para muitos, a face da globalização é contraditória. A internet e a televisão podem trazer conhecimento e informação, mas também sexualidade ofensiva e violência a mais absurda. O comércio pode trazer riqueza e oportunidades, mas também enormes rupturas e mudanças nas comunidades. Em todas as nação, também na minha, essa mudança pode provocar medo. Medo de que, por causa da modernidade, percamos o controle sobre nossas escolhas econômicas, nossas políticas e, mais importante, sobre nossa identidade – tudo o que mais prezamos nas nossas comunidades, nossas famílias, nossas tradições e nossa fé.
Mas também sei que não se pode negar o progresso humano. Não tem de haver contradição entre desenvolvimento e tradição. Países como o Japão e a Coreia do Sul viram suas economias crescerem, sem deixar de manter culturas distintas. O mesmo vale para o espantoso progresso de países de maioria muçulmana, de Kuala Lumpur a Dubai. Em tempos antigos e nos nossos tempos, sempre houve e há comunidades muçulmanas da linha de frente da inovação e da educação.
É importante, porque nenhuma estratégia de desenvolvimento pode ser baseada apenas no que vem da terra, nem será sustentável se os mais jovens não encontrarem empregos. Muitos Estados do Golfo gozaram de grande prosperidade por causa do petróleo, e alguns estão começando a focar-se em desenvolvimento mais amplo . Mas todos temos de reconhecer que educação e inovação serão a moeda de troca do século 21, e ainda há muitas comunidades muçulmanas nas quais o subdesenvolvimento ainda predomina nessas áreas. Estou reforçando esses investimentos nos EUA. E, se os EUA, no passado, visaram prioritariamente o petróleo e o gás nessa parte do mundo, agora buscamos engajamento mais amplo.
Na educação, expandiremos programas de intercâmbio, aumentaremos as bolsas de estudo, semelhantes às que levaram meu pai aos EUA, ao mesmo tempo em que estimularemos que mais norte-americanos estudem em comunidades muçulmanas. Haverá bolsas para estudantes muçulmanos promissores, para que prossigam seus estudos nos EUA; investiremos em formação à distância para professores e crianças em todo o mundo; e criaremos uma nova rede online, de modo que um adolescente no Kansas possa comunicar-se instantaneamente com um adolescente no Cairo.
Para o desenvolvimento econômico, criaremos um novo corpo, no mundo dos negócios, para os que queiram encontrar parceiros nos países de maioria muçulmana. Participarei de um encontro de cúpula sobre empreendedorismo, esse ano, para encontrarmos meios para aprofundar laços entre líderes empreendedores, fundações e empreendedores do campo social nos EUA e em comunidades muçulmanas em todo o mundo.
No campo da ciência e da tecnologia, lançaremos um novo fundo para apoiar o desenvolvimento tecnológico em países de maioria muçulmana, e para levar idéias ao mercado, porque assim se criam empregos. Abriremos novos centros de produção científica de excelência na África, no Oriente Médio e no sudeste da Ásia e indicaremos novos enviados especialistas em ciências para que colaborem em programas para desenvolver fontes alternativas de energia, criar empregos ‘verdes’, digitalizar dados e informações, reciclar resíduos e aumentar colheitas. E hoje estou anunciando um novo esforço global com a Organisation of the Islamic Conference para erradicar a pólio. Também estamos expandindo as parcerias com comunidades islâmicas para promover a atenção médica à saúde maternal e neonatal.
Todas essas iniciativas devem ser implementadas em parcerias. Os norte-americanos estão preparados para reunir-se aos demais cidadãos e demais governos; às organizações comunitárias, aos líderes religiosos, aos homens de negócio nas comunidades muçulmanas em todo o mundo, para ajudar nosso povo a alcançar uma vida melhor.
Nenhuma das questões que descrevi são fáceis de resolver. Mas é nossa responsabilidade nos reunirmos em nome do mundo que buscamos – um mundo no qual os extremistas não ameacem nosso povo; que os soldados norte-americanos estejam de volta à casa; um mundo no qual israelenses e palestinos, cada um vivam seguros em seu próprio Estado, e a energia nuclear seja usada para finalidades pacíficas; um mundo no qual os governos sirvam aos cidadãos e os direitos de todos os filhos de Deus sejam respeitados. Esses são interesses mútuos. Esse é o mundo que buscamos. Mas só o poderemos alcançar juntos.
Sei que há muitos – muçulmanos e não-muçulmanos – que questionam se poderemos forjar esse novo começo. Uns anseiam por fazer subir as chamas da divisão e pôr-se como obstáculo no caminho do progresso. Outros sugerem que o esforço não vale a pena – que estamos condenados à dissensão, e as civilizações fatalmente entrarão em choque. Muitos mais são simplesmente céticos, não crêem que possa ocorrer qualquer mudança real. Há tanto medo, tanta desconfiança. Mas se escolhermos nos deixar prender no passado, jamais andaremos adiante. Quero dizer, sobretudo aos mais jovens de todas as fés, em todos os países – vocês, mais do que quaisquer outros, podem refazer esse mundo.
Todos partilhamos esse mundo, apenas por pequena fatia de tempo. A questão é se consumiremos esse tempo dedicados ao que nos mantém separados, ou se nos comprometeremos num esforço – um esforço sustentando – para encontrar base comum a todos, para nos focar no futuro que buscamos para nossos filhos, respeitando a dignidade de todos os seres humanos.
É mais fácil começar guerras do que pôr-lhes ponto final. Mais fácil culpar os outros, do que olhar para dentro; ver o que é diferente, em alguém, do que ver o que temos em comum. Mas temos de escolher o caminho certo, não apenas o caminho mais fácil. Há regra que rege, no coração de todas as religiões – que façamos aos outros, como queremos que nos façam a nós. Essa verdade transcende nações e povos – uma crença que não é nova; que não é nem branca nem negra nem mulata; que não é cristã, muçulmana ou judia. Uma crença que pulsava no berço da civilização, e que ainda pulsa no coração de bilhões. É uma fé em outro povo, e é o que me trouxe hoje aqui.
Temos o poder para fazer o mundo que buscamos, mas só se tivermos coragem para produzir um novo começo, sem perder de vista o que está escrito.
O Santo Corão nos diz: “O humanidade! Homem e mulher te criamos; e em nações e tribos, para que se conheçam uns os outros.”
O Talmud nos diz: “Toda a Torá promove a paz.”
A Bíblia Sagrada nos diz: “Abençoados os que fazem a paz, pois serão chamados filhos de Deus.”
Os povos do mundo podem viver juntos em paz. Essa é a visão de Deus. Agora, esse tem de ser nosso trabalho aqui na Terra. Obrigado. Que a paz de Deus esteja com vocês."
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Qual a necessidade do liberté, egalité fraternidad?
De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?
De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?
De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?
2
Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!
Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!
Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!
Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas'
Tradução de Paulo Quintela
Frase do Dia...Bob Marley
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Ações e Reações
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Texto do dia... Getúlio Vargas
Não me acusam , insultam ; não me combatem , caluniam-me ; não me dão o direito de defesa . Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação para , para que eu continue a defender como sempre defendi o povo e principalmente os humildes .Sigo o destino que me é imposto.Depois de decênios de esfoliações de grupos econômico-financeiros internacionais , fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei um regime de liberdade social . Tive que renunciar . Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalhador . A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso . Contra a justiça da revisão do salário mí
nimo se desencadearam os ódios . Quis criar a liberdade na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma . A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero . Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho . Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até quinhentos por cento ao ano . Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de cem milhões de dólares por ano. Veio a crise do café , valorizou-se o nosso principal produto . Tentamos defender o seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a dia , hora a hora , resistindo a uma agressão constante , incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo para defender o povo que agora se queda desamparado . Nada mais posso dar a não ser o meu sangue . Se as aves de rapina querem o sangue de alguém , querem continuar sugar o povo brasileiro , eu ofereço em holocausto a minha vida . Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quamdo a fome bater à vossa porta , sentireis em vosso peito a energia para a luta , por vós e por vossos filhos . Quando vos vilipendiarem , sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu sangue será a vossa bandeira de luta . Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência . Ao ódio respondo com o meu perdão. Aos que pensam que me derrotam , respondo com a minha vitória . Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna . Mas esse povo de quem fui escravo , não será mais escravo de ninguém . Meu sacrifício ficará para sempre em sua alme e meu sangue será o preço de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo . Tenho lutado de peito aberto . O ódio , as infâmias , a calúnia , não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida . Agora ofereço a minha morte . Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da Eternidade e saio da vida para entrar na história .
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Seja o Super homem!!
O Übermensch | |
por Vitor Coelho
|
Seguindo o rastro dos comentários sobre o Superman, eu decidi pesquisar um pouco sua origem, induzido pela curiosidade em entender a antítese gerada pela criação de Jerry Siegel e Joe Shuster, dois judeus, e o conceito de Übermensch do prussianoNietzche, que comentam por aí, foi influenciador direto da campanha pela pureza da raça ariana do nazismo.
Colocando de lado valores políticos e ideológicos, o que conta aqui é o valor filosófico do Übermensch. Nietzche diz haver uma maneira de se atingir um estado de perfeição humana, ou pelo menos buscá-lo, física e mentalmente. “O que é bom?”, perguntava ele, e o próprio respondia: tudo que aumenta no homem a sensação e a vontade de poder. O livro “O Anti Cristo”, base para nossa pesquisa, é assim chamado porque Nietzche vê no cristianismo a contrariedade do que acredita, ou seja, ele condena o contentamento, a compaixão e a humildade. Mas vamos dar um salto nisso tudo e cair direto no ponto que nos interessa.
De acordo com o filósofo prussiano, a humanidade parou de evoluir quando começamos a adotar conceitos como compaixão, que não nos deixam permitir que tombem os mais fracos para que os mais fortes se elevem. Nietzche acusa o cristianismo de ter gerado uma cultura de “mal” que impede o progresso e aevolução humana. De acordo com ele, o poder é o destino do homem, e a busca por ser o mais forte é natural e respeitável. Esse conceito de “maldade” criado pelo cristianismo acaba por estigmatizar essa busca de evolução, usando a culpa como instrumento de controle.
E a evolução está exatamente nesse entender, nessa cadeia de raciocínio: de que é preciso negar a questão moral, pois ela fere os instintos do homem. Compaixão é, em suas palavras, depressora, pois contraria a lei da evolução, impedindo assim a seleção natural. Logo, alguém que compreenda sua ideologia, que entenda a necessidade da seleção dos mais aptos, da necessidade de crescer a todo custo, que saiba que são necessários sacrifícios da espécie para que a raça humana caminhe para a perfeição, esse alguém seria um Ubermensch em seu meio, ou em nossas palavras, seria um super-homem.
|
Independente de estar certo ou errado, Nietzche cria o conceito do super-homem, no qual algumas fontes indicam que Siegel e Shuster se basearam ao criar o azulão. Tomando Clark Kentcomo fonte de estudo, além da perfeição física e intelectual, o que mais ele tem do super-homem de Nietzche?
Na verdade, nada, já que, apesar de criado por judeus, está mais ligado aos conceitos cristãos que o filósofo abominava, como a compaixão, a humildade e a culpa. Se por um lado ele é a defesa dos ideais filosóficos, comprovada pela descrição de Kryptoncomo sendo um planeta de homens que atingiram a perfeição, por outro ele é a resposta moral a esses mesmos ideais.
É então que descubro que em seus primeiros esboços o Super-Homem era um governante poderoso que dominava com mão de ferro seus súditos. Este Super-Homem tinha um detalhe digno de nota: era careca.
Claro que o Super-Homem do inicio não era esse de hoje, como podem ver na excelente matéria do Márcio Teixeira aqui no Fanboy, mas mesmo que tenhamos um Super-Homem déspota, ele não se enquadra em Nietzche por um motivo: ele não busca a evolução, já que ele é o ponto finalda evolução, e não o caminho que leva a ela. Siegel e Shuster não criaram um Super-Homem tão forte quanto o de hoje, mas aquele já era um homem com seu potencial atingido. Lembremos que, apesar de ser uma ficção, seus poderes eram “plausíveis”, como se fossem evoluídos das capacidades humanas: salto, resistência à dor, força, velocidade... Todas capacidades humanas, apenas evoluídas. Portanto, ele era já o objeto final da evolução.
Sendo assim, vamos estabelecer alguns pontos:
Ponto 1: essa qualidade de ser o objeto final impede o homem de fazer seu próprio caminho. Da mesma maneira que o cristianismo ditava o futuro do homem com seus objetivos, o Super-Homem marca o ponto máximo onde se pode chegar, e isso é uma ofensa grave ao ideal filosófico.
Ponto 2: o Super-Homem está lá para impedir que a humanidade sofra com seus problemas. Ele salva crianças e velhos, pára trens desgovernados, impede a queda de aviões, chuvas de meteoros destruidores, seres de outros planetas, guerras, etc, etc... E impede com isso que a humanidade aprenda com seus erros e problemas. Sua compaixão refreia a evolução humana, como Nietzche previa e proclamava. Se alguém realmente acredita nisso como o filósofo acreditava, ficaria furioso. Você está anotando, certo?
|
Ponto 3: ser o super-homem filosófico em pessoa, tendo atingido a perfeição e não seguir os preceitos filosóficos do mesmo é no mínimo incoerente. Da mesma forma que alguns neo-nazistas acusam Hitler de tolerância, um homem com a fé focada na evolução de Nietzche acharia Kal-El uma ofensa gravíssima a toda raça humana.
Ponto 4: o super-homem de Nietzche tem que buscar a evolução, ser contra tudo que provoca o retrocesso e acreditar que o fim justifica os meios. Clark e seu respeito ao livre-arbítrio da humanidade está longe disso.
Ponto 5: o super-homem filosófico sabe que pode ser necessário o uso da força e do controle, sabe que suas capacidades o colocam acima dos demais.
Ponto 6: o super-homem de Nietzche ficaria furioso, se, tendo ele todo o entendimento do que é necessário fazer para que a humanidade atinja seu potencial máximo, de repente, cai do céu alguém com o poder de Kal-El, mas completamente avesso a suas teorias.
Espero eu você tenha anotado tudo, e revendo o que foi pensado chegue à mesma conclusão que eu. A dica mestre é: ele é careca.
Sim, o verdadeiro Super-homem de Nietzche é Lex Luthor. Ele é aquele que sabe que a evolução é necessária, que acredita nos fins acima dos meios, que se arrisca e se dispõe a cometer atrocidades pelo ideal de atingir mais e mais poder. Ele que se preparou para atingir seu potencial máximo e ele que teve de ver um homem como ele queria ser surgir e praticar o oposto ao que ele acredita.
Psicologicamente, sem Kal-El, Lex talvez não fosse um vilão, ou talvez fosse um grande líder de estado (mesmo que sob um regime totalitário). Eu gosto muito do Lex de “Entre A Foice E O Martelo”, pois ele representa bem esse super-homem filosófico.
Se Nietzche fosse um personagem de quadrinhos, com certeza absoluta, seu grande nêmesis seria o herói de capa, e não o cristianismo. Primeiro porque o cristianismo não existe nos quadrinhos, e segundo porque os heróis seriam a grande ameaça ao pensamento progressivo e evolutivo de sua ideologia. Se Nietzche existisse lá, ele estudaria em Gotham, onde há o único herói que não se abate com a presença do Super-Homem e busca de si mesmo atingir seu potencial máximo, ainda que peque pela qualidade moral e pela compaixão recalcada. Nietzche pode não estar lá, mas tem em Lex um defensor de suas ideologias. E na cabeceira de Luthor, embaixo dos óculos meia-lua para leitura, está um exemplar da primeira edição de “O Anti Cristo”, ou ainda “Assim Falou Zaratustra”.
Superman - Entre a Foice e o Martelo - Parte 1 (8.91Mb)
Superman - Entre a Foice e o Martelo - Parte 2 (9.4Mb)
Superman - Entre a Foice e o Martelo - Parte 3 (10.54Mb)