domingo, 1 de fevereiro de 2009

Até tu? Nome!

Perdoar e Esquecer
Perdoar e esquecer equivale a jogar pela janela experiências adquiridas com muito custo. Se uma pessoa com quem temos ligação ou convívio nos faz algo de desagradável ou irritante, temos apenas de nos perguntar se ela nos é ou não valiosa o suficiente para aceitarmos que repita segunda vez e com frequência semelhante tratamento, e até de maneira mais grave. Em caso afirmativo, não há muito a dizer, porque falar ajuda pouco. Temos, portanto, de deixar passar essa ofensa, com ou sem reprimenda; todavia, devemos saber que agindo assim estaremos a expor-nos à sua repetição. Em caso negativo, temos de romper de modo imediato e definitivo com o valioso amigo ou, se for um servente, dispensá-lo. Pois, quando a situação se repetir, será inevitável que ele faça exactamente a mesma coisa, ou algo inteiramente análogo, apesar de, nesse momento, nos assegurar o contrário de modo profundo e sincero. Pode-se esquecer tudo, tudo, menos a si mesmo, menos o próprio ser, pois o carácter é absolutamente incorrigível e todas as acções humanas brotam de um princípio íntimo, em virtude do qual, o homem, em circunstâncias iguais, tem sempre de fazer o mesmo, e não o que é diferente. (...) Por conseguinte, reconciliarmo-nos com o amigo com quem rompemos relações é uma fraqueza pela qual se expiará quando, na primeira oportunidade, ele fizer exactamente a mesma coisa que produziu a ruptura, até com mais ousadia, munido da consciência secreta da sua imprescindibilidade.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

3 comentários:

KathY CatherYne disse...

Sem comentários.,.,u.u
D+
KthY?

Silvana Persan disse...

moço, eu acho Schopenhauer muito deprê. perdoar, pra mim, não está ligado ao esquecimento mas à lembrança. não acredito em arrependimento (arrependimento = estando na mesma situação agir de maneira diferente), porque eu acho que certas atitudes fazem parte da nossa personalidade. Mas sou do tipo de pessoa que AINDA acredita na possibilidade de mudança.
Isso pode soar antagônico, mas não é. às vezes alguém pode nos magoar por um ato que não é da natureza daquela pessoa, portanto que pode não se repetir mais. em outros casos, a realidade chama: tem gente que nunca muda e sempre comete as mesmas atitudes, como se estivessem programadas para isso.

bjs

Anônimo disse...

Acredito na misericórdia e no perdão, porém seria necessário ter pelo menos o Mal de Alzheimer para esquecer verdadeiramente o que aconteceu. Ou seja, acredito no perdão verdadeiro, mas não no esquecimento do ato.

Este é um tema delicado. As religiões em geral costumam falar muito sobre isto. "Dar a outra face" é quase uma virtude para os cristãos. Segundo a Bíblia Cristã devemos perdoar não somente sete vezes, mas setenta vezes sete.

Só que há uma grande diferença entre ser bom e ser bobo. Pensemos nisto...

Beijos da Pensadora.