domingo, 21 de junho de 2009

Frase do Dia...Augustina Bessa-Luís


"A competição é só civilizadora enquanto estímulo; como pretexto de abater a concorrência, é uma contribuição para a barbárie "

Ouça e Obedeça!!!

Nascido para Mandar
Os homens dividem-se, na vida prática, em três categorias - os que nasceram para mandar, os que nasceram para obedecer, e os que não nasceram nem para uma coisa nem para outra. Estes últimos julgam sempre que nasceram para mandar; julgam-no mesmo mais frequentemente que os que efectivamente nasceram para o mando.
O característico principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo.
O característico distintivo do homem que nasceu para obedecer é que sabe mandar só nos outros, sabendo obedecer também. O homem que não nasceu nem para uma coisa nem para outra distingue-se por saber mandar nos outros mas não saber obedecer.
O homem que nasceu para mandar é o homem que impõe deveres a si mesmo. O homem que nasceu para obedecer é incapaz de se impor deveres, mas é capaz de executar os deveres que lhe são impostos (seja por superiores, seja por fórmulas sociais), e de transmitir aos outros a sua obediência; manda, não porque mande, mas porque é um transmissor de obediência. O homem que não nasceu nem para mandar nem para obedecer sabe só mandar, mas como nem manda por índole nem por transmissão de obediência, só é obedecido por qualquer circunstância externa - o cargo que exerce, a posição social que ocupa, a fortuna que tem...

Fernando Pessoa, in 'Teoria e Prática do Comércio'

terça-feira, 16 de junho de 2009

Mamãe eu sou Reaça!!!

1) O direitista enrustido costuma bradar que odeia política e políticos em geral e que “não existe esse negócio de direita e esquerda”. Mas, na prática, é diferente. O cara vota no Maluf, em alguém do PFL, do PSDB ou em qualquer um que for o anti-petista ou anti-esquerdista da vez. Se Adolf Hitler em pessoa ressuscitar e chegar ao segundo turno contra Marta Suplicy, por exemplo, adivinhem só em quem ele vai votar?





2) Eles adoram xingar os abusos da Telefônica, da CPFL e os pedágios caríssimos das estradas. Enquanto você concorda, são só sorrisos. Porém, na hora que você lembra que a culpa de tudo isso recai sobre as privatizações lesa-pátria ocorridas nos oito anos de governo FHC, ele fecha a cara e começa a defendê-las, alegando que “antes a gente tinha que esperar anos pra conseguir um telefone” e que a culpa é das “agências reguladoras” (que também foram criadas pelo FHC). Aí você explica que não é contra parcerias público-privadas, desde que elas sejam feitas em favor da população e não de um grupelho de “amigos do rei”. E então faz aquela fatídica constatação: “Realmente, hoje você consegue uma linha rapidinho, só que paga as tarifas mais caras do mundo, recebe em troca um serviço horrível e não tem ninguém para reclamar”. Se depois disso a pessoa se enfurecer e começar a falar mal do Lula, do PT ou de Cuba, pode ter certeza que você está diante de um direitista.

3) Toda pessoa de direita acredita piamente que as pessoas são pobres porque querem. “O problema do Brasil é que pobre não gosta de trabalhar”, costumam repetir. De tanto ler a Veja e ver o Jornal Nacional, eles passam a crer que o sujeito mora numa favela e só consegue trabalhar de lixeiro porque “não quis estudar” ou “não se esforçou o suficiente para subir na vida”. Quando você lembra que essas pessoas não têm condições nem para comer, são obrigadas a trabalhar desde cedo largando os estudos e, devido a tudo isso, só conseguem arrumar subempregos, o direitista novamente vai fechar a cara e começar a resmungar coisas sem nexo do tipo: “Pode ser, mas se um vagabundo desses entrar na minha casa eu meto tiro!”.




4) Ainda em relação aos excluídos, o direitista vive dizendo que a solução para os problemas sociais do país é “investir em educação”. Claro que, como bom esquerdista, você vai concordar com ele. Mas você será obrigado a explicar que a direita, que governou o país desde que o Cabral invadiu essas terras, nunca investiu em cultura e em educação. Pelo contrário. E foi durante a ditadura militar de direita que o sistema público de ensino sofreu seu golpe mais duro, ficando totalmente sucateado. Então vai lembrar ao direitista que se todo mundo tivesse estudo e condições iguais para “subir na vida”, ele (ou ela) seria obrigado(a) a fazer faxina na própria casa ou a recolher o lixo da rua, já que ninguém mais precisaria se sujeitar a trabalhar nesses subempregos, exceto de forma voluntária para ajudar a comunidade - igual acontece em Cuba – ou no mínimo ganharia um salário igual ao de um médico. Pronto. Depois dessa é melhor você correr para um abrigo!

5) Pessoas de direita tendem a ser extremamente incoerentes. Via de regra, elas falam mal de tudo (política e políticos, programas na TV, filmes, jornalistas, sexualidade, música) e repetem que “o mundo está perdido”, “nada mais presta” ou “na minha época não tinha nada disso”. E geralmente terminam suas reclamações dizendo que a única solução para tudo isso é “jogar uma bomba atômica e começar tudo de novo”. Aí, logo depois, eles afirmam que são “conservadores”...




6) Conheço uma dúzia de caras, por exemplo, que adoram o Pink Floyd (até tocam suas músicas em bandas cover) enquanto repetem jargões que deixariam até um nazista envergonhado. “Vai dizer que o Roger Waters é petista agora??” costumam vociferar quando você aponta essa incongruência a eles. Obviamente, os direitistas confundem ser “de esquerda” com “ser petista” ou “ser comunista”. Quando eles cantam “Imagine”, do Lennon, com certeza não se tocam que aquela é uma música que contesta o sistema vigente que eles defendem, ou seja, é de esquerda. E aí, voltamos à lógica esquizofrênica exposta acima: o direitista enrustido é contra tudo, acha que o mundo está perdido, que o ser humano não presta e que político é tudo FDP, mas na hora das eleições, dá seu voto aos sujeitos mais conservadores, reacionários e corruptos que existem. Justamente aqueles que, além de não mudar nada, vão deixar tudo ainda pior. Aqueles que, como diz Mino Carta, “querem deixar as coisas como estão para ver como é que ficam”.

7) Uma forma fácil de identificar um(a) direitista enrustido(a) é começar a falar sobre Cuba. Disfarçado no discurso “a favor da democracia e da liberdade”, você vai poder identificar todos os clichês mais obtusos que a mídia de direita usa para doutrinar os incautos. Não adianta você dizer que antes do Fidel, Cuba era uma ditadura de direita na qual a maioria esmagadora da população passava fome e não tinha direitos. Nem que, depois do Fidel, ninguém mais passa fome e todos têm acesso gratuito à educação, à saúde, à alimentação e ao transporte. Também é inútil explicar que, em Cuba, não existem crianças na rua pedindo esmola e que a maioria da população tem curso superior adquirido gratuitamente. Pois o direitista vai jogar na sua cara que em Cuba não existem carros zero km, nem telefone celular, nem shopping centers, nem DVD, nem liberdade de imprensa. Sim, trata-se da mesma pessoa que acabou de vociferar que “o mundo está perdido”, “na televisão só tem porcaria”, “jornalista é tudo safado e a imprensa é uma merda”, “hoje em dia essa molecada só quer gastar dinheiro com lixo” e “o problema do Brasil é a falta de educação e cultura”. Eu disse que coerência não é o forte deles, não disse?

postado pelo camarada http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=20935173&tid=5280573157286242237

8) Direitista enrustido que se preze é a favor do neoliberalismo. Não, ele não tem idéia do que é isso nem quem inventou esse negócio, mas como ouviu o Arnaldo Jabor e o Django Mainardi dizendo que era a solução para os problemas do mundo, ele acreditou. E passou a repetir tudo como um bom papagaio: são contra o Estado e as Estatais (mas não reclamam quando dinheiro público é usado para salvar bancos privados da falência), a favor das privatizações (sim, as mesmas que o fazem espumar de ódio contra a Telefônica) e pregam a “redução dos impostos” (ao mesmo tempo em que choram de raiva por terem que pagar fortunas para ter plano de saúde privado). Como são manipulados pela mídia de direita, adoram meter o pau no governo Lula, não reconhecem nenhum mérito nele e acreditam (mesmo!) que tudo de bom que acontece hoje no país é resultado do governo FHC (embora eles odeiem política e todos os políticos, inclusive os do PSDB, lembram?).

9) Outra característica marcante da turma da direita é a certeza absoluta que são donos da verdade. Quando eles falam sobre qualquer assunto, não estão emitindo uma opinião, mas sim uma verdade única e incontestável. A melhor forma de fazer um tipinho desses sair do armário e mostrar sua verdadeira face é simplesmente contestá-lo com argumentos sólidos e muita calma. Eles até vão tentar rebater, mas quando perceberem que o que estão dizendo é APENAS uma opinião e que, por mais que tentem te ridicularizar ou denegrir, você não vai mudar a sua opinião, o direitista enrustido vai então partir para ataques chulos e de cunho pessoal, como que tentando convencer os outros que o que você diz não tem valor, afinal trata-se de uma pessoa má, feia, fedida, chata ou qualquer outra coisa. Em última instância, o direitista enrustido vai perder todas as estribeiras e acabará apelando para o último recurso usado na tentativa de calar o interlocutor: ameaçar processá-lo!

10) A caracteristica mais marcante de um direitista, seja a rapidez de como parte para ofensa na falta de argumentos. A única postura num "bate-papo" é não tomar conhecimento das asneiras que em geral dizem, pois corre-se quase sempre o risco de um eterno, desgastante, irado, "bate-boca" totalmente improdutivo ( já que é impossível, convencê-los da razão verdadeira) E para não brigar, é aconselhavel mudar rapidamente de assunto ou se afastar deixando o falando sozinho.


Qualquer conteúdo ofensivo neste blog será dado o direito de resposta

Frase do dia...João

"Quando eu era jovem, sonhador e inocente, eu era de esquerda. Agora que sou mais maduro, culto, vivido e esperto, sou de extrema-esquerda."

terça-feira, 9 de junho de 2009

Frase da Década...Barack Obama



"Alguns dos senhores podem ser cínicos e irritados com a política. Muitos de vocês podem estar desapontados e mesmo furiosos com seus líderes. Mas peço a todos que acreditem, que é possível uma mudança."

Barack Obama

Discurso do Século...Barack Obama


Peço Licença ao meu camarada Shaka Kama-Hari por pegar o conteúdo de seu blog ,O ILUMINADOR, mas tal conteúdo emocionou-me e me sinto na obrigação de divulgar tamanhas palavras que parecem poucas linhas em meu blog, mas serão uma mensagem para toda humanidade e gerações futuras que trabalharão em prol da paz e da união dos homens e nações. Homens como eu e vocês além de nações como a nossa e a de todos dispostos a mudança positiva, tão inflamada nos discursos de Obama. A renovação se vê com revolução, de pensamentos e idéias, a revolução violente é o retrocesso das idéias. Abracem essa idéia camaradas e sejam revolucionários!

"Sinto-me honrado, nessa milenar cidade do Cairo, recebido por duas importantes instituições. Há mais de mil anos, a Universidade de al-Azhar já era sentinela avançada dos estudos islâmicos, e por mais de um século a Universidade do Cairo é fonte de desenvolvimento do Egito. Juntas, essas instituições representam a harmonia entre a tradição e o progresso. Agradeço a hospitalidade dessas universidades e a hospitalidade do povo egípcio. Trago-lhes com orgulho a boa-vontade do povo americano, e um voto de paz das comunidades muçulmanas em meu país: Salaam Aleikum (que a paz de Deus esteja com vocês)

Nos reunimos num momento de tensão entre os EUA e muçulmanos em várias partes do mundo - tensão que brota de forças históricas e vão além do atual debate político. As relações entre o Islam e o ocidente incluem séculos de coexistência e cooperação, mas também conflitos e guerras religiosas. Mais recentemente, a tensão foi alimentada pelo colonialismo que nega direitos e oportunidades a muitos muçulmanos, e uma guerra fria na qual países de maioria muçulmana são muitas vezes tratados como fantoches, sem atenção às suas aspirações. Além disso, as rápidas mudanças trazidas pela modernidade e pela globalização levaram muitos muçulmanos a ver o ocidente como hostil às tradições do Islam.

Extremistas violentos exploraram essas tensões em minorias pequenas, mas potentes, de muçulmanos. Os ataques de 11/9/2001 e os continuados esforços daqueles extremistas em ações de violência contra civis, levaram alguns, no meu país, a ver o Islam como inevitavelmente hostil, não só aos EUA e aos países ocidentais, mas hostil também aos direitos humanos. O que alimentou mais medo e desconfiança.

Enquanto nossas relações forem definidas por nossas diferenças, mais força daremos aos que semeiam ódio, não paz; e aos que promovem conflitos, não a cooperação que pode ajudar nosso povo a alcançar justiça e prosperidade. Esse ciclo de suspeitas e discórdia tem de acabar.

Vim até aqui em busca de um recomeço, entre os EUA e os muçulmanos de todo o mundo; recomeço baseado em interesse mútuo e mútuo respeito; e baseado na verdade de que os EUA e o Islam não são exclusivos e não precisam viver em competição. Em vez disso, somam-se e partilham princípios comuns – princípios de justiça e progresso; de tolerância e de respeito à dignidade de todos os seres humanos.

Reconheço que a mudança não pode acontecer da noite para o dia. Nenhum discurso pode pôr fim a anos de desconfiança, nem posso, eu, com meu pouco tempo de governo, ter resposta para todas as complexas questões que nos trouxeram ao ponto em que estamos. Mas estou convencido de que, para andar adiante, temos de falar abertamente o que escondemos nos nossos corações, e, também, o que se diz por trás de portas fechadas. Temos de manter esforço sustentado para nos ouvir, uns os outros; para aprender uns dos outros; para respeitar uns os outros; e para procurar terreno comum. Como ensina o santo Corão: “Sê consciente de Deus e dize sempre a verdade.” É o que tentarei fazer – dizer a verdade, do melhor modo que consiga, sob o peso da enorme tarefa à nossa frente, e firme na minha crença de que os interesses que partilhamos como seres humanos são mais poderosos que as forças que nos mantêm afastados.

Parte dessa convicção tem raízes na minha própria experiência. Sou cristão, mas meu pai é família queniana com várias gerações de muçulmanos. Menino, vivi muitos anos na Indonésia e ouvia o chamamento do azaan (o canto que convoca os muçulmanos para as orações) ao nascer do dia e ao cair da noite. Jovem adulto, trabalhei em comunidades, em Chicago, nas quais muitos encontravam dignidade e paz em sua fé muçulmana.

Na universidade, aluno de história, também conheci civilizações que muito devem ao Islam. Foi o Islam – em lugares como a Universidade al-Azhar – que conduziu a luz do saber ao longo de muitos séculos, pavimentando o caminho para o Renascimento e o Iluminismo europeus. A inovação, em comunidades muçulmanas, desenvolveram a álgebra; a bússola e outros instrumentos de navegação; o manejo dos pincéis e penas e a imprensa; o que sabemos sobre como as doenças disseminam-se e como podem ser curadas. A cultura islâmica deu-nos seus arcos majestosos e as espirais; a poesia eterna e a música; a caligrafia mais elegante e locais de contemplação. E, ao longo da história, o Islam demonstrou por palavras e ações, as possibilidades da tolerância religiosa e da igualdade racial.

Sei, também, que o Islam sempre foi parte da história dos EUA. A primeira nação a reconhecer meu país foi o Marrocos. Ao assinar o Tratado de Trípoli, em 1796, nosso segundo presidente, John Adams, escreveu: “Os EUA não tem, em sim nenhum traço de inimizade contra as leis, a religião ou a tranquilidade dos muçulmanos.” E desde o nascimento dos EUA, os muçulmanos norte-americanos enriqueceram os EUA. Lutaram nossas guerras, serviram ao governo, lutaram pelos direitos civis, empreenderam, iniciaram negócios, ensinaram em nossas universidades, conquistaram medalhas em arenas esportivas, receberam Prêmios Nobel, construíram nossos mais altos arranha-céus e acenderam a tocha Olímpica. Quando o primeiro muçulmano norte-americano foi recentemente eleito para o Congresso, ele jurou defender nossa constituição, sobre o mesmo Santo Corão que um dos pais fundadores dos EUA – Thomas Jefferson – guardava em sua biblioteca pessoal.

Assim conheci o Islam em três continentes, antes de chegar à parte do mundo onde foi revelado. Essa experiência guia minha convicção de que a parceria entre EUA e o Islam tem de basear-se sobre o que é o Islam, não sobre o que ele não é. E entendo como parte de minha responsabilidade como presidente dos EUA lutar contra os estereótipos negativos do Islam, onde apareçam.

Mas esse mesmo princípio deve aplicar-se ao modo como os muçulmanos vêem os EUA. Assim como os muçulmanos não são um estereótipo, tampouco os EUA são estereótipo de império que só pensa em seus interesses. Os EUA têm sido uma das maiores fontes de progresso que o mundo jamais conheceu. Nascemos de uma revolução contra um império. Fomos fundados sobre o ideal de que todos são criados iguais, e derramamos sangue e lutamos durante séculos para dar pleno sentido a essas palavras – dentro de nossas fronteiras e em todo o mundo. Somos modelados por todas as culturas, chegadas de todos os quadrantes da Terra, e dedicados a um simples conceito: E pluribus unum – “De muitos, um.”

Muito se disse de um afro-americano, de nome Barack Hussein Obama, ter sido eleito presidente. Mas minha história pessoal não é assim tão rara. O sonho da oportunidade para todos os povos ainda não se concretizou nos EUA, mas a promessa persiste para todos que cheguem às nossas costas, incluídos os cerca de 7 milhões de muçulmanos norte-americanos que hoje, nos EUA, gozam de condições de vida e educação superiores à média.

Além disso, a liberdade na América é indivisível da liberdade de religião. Há uma mesquita em cada estado dos EUA, mais de 1.200 mesquitas em todo o país. Por isso o governo dos EUA foi aos tribunais para proteger o direito de mulheres e meninas usarem o hijab, e punir os que tentassem negar-lhes esse direito.

Que não reste nenhuma dúvida: o Islam é parte dos EUA. E eu acredito que os EUA guardam consigo a verdade segundo a qual, independente de raça, religião ou idade, todos partilhamos aspirações comuns – viver em paz e segurança; obter boa educação e trabalhar com dignidade; amar a família, a comunidade e nosso Deus. Tudo isso todos partilhamos. Essa é a esperança de toda a humanidade.

Claro, reconhecer nossa humanidade comum é apenas a primeira de nossas tarefas. Só palavras não bastam para atender às necessidades de nosso povo. Essas necessidades só serão satisfeitas se agirmos firmemente nos próximos anos; e se entendermos que os desafios à frente são partilhados e que se fracassarmos, todos sofreremos.

Já aprendemos, de nossa experiência recente, que quando um sistema financeiro enfraquece, num país, a prosperidade de todos sofre, em todos os lugares. Quando uma gripe faz adoecer um ser humano, todos ficamos ameaçados. Quando uma nação trabalha para construir uma arma nuclear, o risco de ataques nucleares aumenta para todos os povos. Quando um extremista violento opera num desfiladeiro nas montanhas, há pessoas ameaçadas do outro lado do oceano. E quando inocentes são massacrados na Bósnia e Darfur, a mancha se alastra por toda nossa consciência coletiva. Isso é o que significa partilhar o mundo, no século 21. Essa é a responsabilidade que todos temos, uns com os outros, como seres humanos.

É uma responsabilidade difícil de assumir. A história humana tem sido, muitas vezes, história de nações e tribos que subjugam umas as outras para atender interesses que não são de todos. Nos novos tempos que vivemos, essas atitudes são de auto-derrota. Dada nossa interdependência, qualquer ordem mundial que ponha uma nação ou um povo acima dos demais, fracassará inevitavelmente. Assim, pensemos o que pensarmos do passado, não podemos ficar prisioneiros do passado. Nossos problemas têm de ser equacionados em espírito de parceria; temos de partilhar o progresso.

Isso não implica que se devam ignorar as fontes de tensão. De fato, sugere o contrário disso: temos de encarar abertamente essas tensões. Assim, nesse espírito, permitam que eu fale clara e abertamente sobre algumas questões que creio que temos de enfrentar juntos.
A primeira dessas questões que temos de enfrentar é o extremismo violento, em todas as suas formas.

Em Ankara, deixei claro que os EUA não estão – e jamais estarão – em guerra contra o Islam. Mas enfrentaremos sem descanso todos os extremistas violentos que ameacem nossa segurança. Porque rejeitamos o que homens e mulheres de todas as fés rejeitam: a morte de inocentes, homens, mulheres e crianças. E meu primeiro dever como presidente é proteger os norte-americanos.

A situação no Afeganistão demonstra os objetivos dos EUA e a necessidade de que todos trabalhemos juntos. Há mais de sete anos os EUA lutam contra a al-Qaida e os Taliban com amplo apoio internacional. Lá não estamos por escolha nossa; fomos para lá por necessidade. Sei que há quem questione e quem justifique os eventos do 11/9. Mas sejamos claros: a al-Qaida matou cerca de 3.000 pessoas, naquele dia. As vítimas foram homens, mulheres e crianças norte-americanas e de outras nações, inocentes, que jamais haviam feito mal a alguém. Mesmo assim, a al-Qaida escolher assassinar aquelas pessoas, assumiu a autoria do ataque e ainda hoje afirma sua determinação de matar outra vez em escala massiva. Eles têm braços em vários países e tentam ampliar sua área de alcance. Nada disso são especulações. Esses são fatos a serem enfrentados.

Que ninguém se engane: não desejamos manter nossas tropas no Afeganistão. Não queremos instalar bases lá. É agonia, para os EUA ver morrer nossos jovens, homens e mulheres. Esse conflito custa-nos muito e é politicamente difícil continuar aquela luta. Nós retiraríamos os nossos soldados de lá e com alegria os traríamos para casa, se pudéssemos ter certeza de que não há extremistas violentos no Afeganistão e no Paquistão, determinados a matar o maior número possível de norte-americanos. A situação ainda não é essa.

Por isso continuamos lá, numa coalizão de 46 países. E, apesar dos custos envolvidos, a determinação dos EUA não enfraquecerá. De fato, nenhum de nós pode tolerar esses extremistas. Eles já mataram em muitos países. Já mataram gente de várias fés –mais do que de todas, eles mataram muçulmanos. Aquelas ações são irreconciliáveis com os direitos humanos, com o progresso das nações e com o Islam. O Santo Corão ensina que quem mata um inocente, mata como se matasse toda a humanidade; e que quem salva um ser humano, salva como se salvasse toda a humanidade. A resistente fé de mais de um bilhão de seres humanos é muito maior que o ódio estreito de uns poucos. O Islam não é parte do problema de combater o extremismo violento – é parte importante da promoção da paz.

Sabemos também que só o poder militar não resolverá os problemas no Afeganistão e no Paquistão. Por isso, planejamos investir 1,5 bilhões de dólares ao ano, nos próximos cinco anos, para ajudar os paquistaneses a construir escolas e hospitais, estradas e empresas, e centenas de milhões para ajudar os que perderam suas casas. Por isso estamos oferecendo mais de 2 bilhões para ajudar os afegãos a desenvolver sua economia e oferecer os serviços de que as pessoas necessitam.

Sobre a questão do Iraque. Ao contrário do Afeganistão, o Iraque foi guerra que os EUA escolheram e provocou fortes discussões em meu país e em todo o mundo. Embora eu acredite que os iraqueanos estão hoje melhor, sem a tirania de Saddam Hussein, também acredito que os eventos do Iraque ensinaram aos EUA a necessidade de usar a diplomacia e de construir consenso internacional para resolver nossos problemas, sempre que possível. De fato, lembro as palavras de Thomas Jefferson: “Espero que nossa sabedoria aumente à medida que aumente nosso poder, e nos ensine que quanto menos usarmos nosso poder, mais ele aumentará.”

Hoje, os EUA têm dupla responsabilidade: ajudar o Iraque a forjar melhor futuro e entregar o Iraque aos iraqueanos. Deixei bem claro para os iraqueanos que não buscamos novas bases e nada queremos de seu território ou de seus recursos. A soberania do Iraque é do Iraque. Por isso ordenei a retirada de nossas brigadas de combate em agosto próximo. Por isso honraremos nosso acordo com o governo democraticamente eleito no Iraque, de retirar nossos soldados das cidades iraqueanas em julho e removê-las, todas, até 2012. Ajudaremos os iraqueanos a treinar suas forças de segurança e a desenvolver sua economia. Mas apoiaremos um Iraque seguro e único como parceiros, não como dominadores.

Por fim, assim como os EUA jamais tolerarão a violência dos extremistas, jamais alteraremos nossos princípios. O 11/9 foi enorme trauma para nosso país. O medo e a ira que provocou foi compreensível, mas em alguns casos levou-nos a agir ao contrário de nossos ideais. Tomamos ações concretas para mudar de curso. Proibi inequivocamente o uso de tortura pelos EUA, e ordenei que a prisão da baía de Guantânamo seja fechada até o início do próximo ano.
Portanto, os EUA defender-se-ão, respeitando a soberania das nações e sob o império da lei. E o faremos em parceria com comunidades muçulmanas que também são ameaçadas. Quanto antes os extremistas sejam isolados e não se sintam bem-vindos nas comunidades muçulmanas, mais rapidamente todos teremos mais segurança.

A segunda melhor fonte de tensão que temos de discutir é a situação entre israelenses, palestinos e o mundo árabe.

Todos conhecem os fortes laços que unem Israel e os EUA. São laços inquebráveis. Baseiam-se em ligações culturais e históricas e no reconhecimento da legitimidade da aspiração do povo judeu a ter uma pátria, aspiração que se baseia na sua trágica história que não pode ser negada.
Em todo o mundo, o povo judeu foi perseguido, e o antissemitismo na Europa culminou num Holocausto sem precedentes. Amanhã visitarei Buchenwald, um dos campos da rede de campos nos quais os judeus foram escravizados, torturados, executados a tiros e em câmaras de gás pelo Terceiro Reich. Seis milhões de judeus foram mortos – mais do que toda a população de judeus de Israel, hoje. Negar esses fatos é pensamento sem fundamento, é ignorância e é manifestação de ódio. Ameaçar Israel de destruição – ou repetir estereótipos vis sobre os judeus – é erro grave e só serve para evocar, na mente dos israelenses suas memórias mais dolorosas, impedindo que haja a paz que o povo daquela região merece.

Por outro lado, é inegável o sofrimento dos palestinos – muçulmanos e cristãos –em busca de uma pátria. Há mais de 60 anos sofrem a dor da deslocação. Muitos esperam em campos de refugiados na Cisjordânia, em Gaza e em terras próximas, por uma vida de paz e segurança que jamais puderam ter. Sofrem humilhações diárias – maiores e menores – resultado da ocupação. Aí tampouco não cabem dúvidas: a situação do povo palestino é intolerável. Os EUA não darão as costas às legítimas aspirações dos palestinos, por dignidade, oportunidades e um Estado seu.
Ao longo de décadas, o impasse permaneceu: dois povos com aspirações legítimas, cada um deles com sua história dolorosa que tornou quase impossível qualquer acordo. É fácil denunciar; os palestinos denunciam os refugiados criados pela fundação de Israel; e os israelenses denunciam a constante hostilidade e os ataques ao longo de sua história, de fora e de dentro de suas fronteiras. Mas se se vê o conflito ou pelos olhos de um, ou pelos olhos de outro, não vemos a verdade: a única solução possível para atender às aspirações dos dois lados é criarem-se dois Estados, nos quais israelenses e palestinos possam viver em paz e em segurança.

Atende aos interesses de Israel e atende aos interesses dos palestinos; atende aos interesses dos EUA e atende aos interesses do mundo. Por isso me aplicarei pessoalmente para chegar a esse resultado, com a paciência que a tarefa exige. Os deveres acordados pelas duas partes no “Mapa do Caminho” são claros. Para que se faça a paz, é tempo de eles – e todos nós – fazermos o que é de nossa responsabilidade.

Os palestinos devem abandonar a violência. Resistência mediante violência e morte é errada e a nada leva. Durante séculos os negros nos EUA sofreram o castigo do chicote como escravos e a humilhação da segregação. E não venceram pela violência, nem foi a violência que lhes trouxe a igualdade de direitos. Foi a insistência pacífica e determinada conforme os ideais que são o centro da fundação dos EUA. O mesmo se pode dizer de outros povos, da África do Sul ao Sul da Ásia; da Europa oriental à Indonésia. É uma história e uma verdade simples: a violência e caminho sem saída. Não é sinal nem de coragem nem de poder, disparar foguetes em quartos onde dormem crianças, ou explodir idosas em ônibus. Assim, nenhuma autoridade moral pode impor-se; assim, de fato, a autoridade moral rende-se.

É tempo de os palestinos focarem-se no que realmente podem construir. A Autoridade Palestina deve desenvolver sua capacidade para governar, com instituições que atendam às necessidades do povo. O Hamás tem apoio de alguns palestinos, mas também tem responsabilidades. Para cumprir seu papel e atender às aspirações dos palestinos, e para unir o povo palestino, o Hamás tem de desistir da violência, reconhecer acordos passados e reconhecer o direito de existência de Israel.

Ao mesmo tempo, os israelenses têm de reconhecer que, assim como não se pode negar o direito à existência de Israel, tampouco se pode negar o direito dos palestinos. Os EUA não aceitam a legitimidade da continuada construção de colônias israelenses. Essas construções violam acordos existentes e minam quaisquer esforços que se faça com vistas à paz. A construção de colônias tem de parar.

Israel deve também cumprir sua obrigação de garantir que os palestinos possam viver, trabalhar e desenvolver sua sociedade. Assim como leva devastação às famílias palestinas, a continuada crise humanitária em Gaza não contribui para a segurança de Israel; nem a continuada falta de oportunidades na Cisjordânia. Permitir melhores condições de vida diária para o povo palestino tem de ser parte da via da paz. E Israel deve tomar medidas concretas para tornar possíveis aquelas condições.

Por fim, os Estados árabes devem reconhecer que a Iniciativa da Paz Árabe foi importante primeiro passo, mas não põe fim a todas as responsabilidades. O conflito árabes-Israel não deve continuar a ser usado para distrair a atenção dos povos de nações árabes, de outros problemas. Em vez disso, deve ser causa de ações para ajudar o povo palestino a desenvolver instituições que sustentem um Estado palestino; para reconhecer a legitimidade de Israel; e para escolher o progresso, em vez do foco de autoderrota, do passado.

Os EUA alinharemos nossas políticas ao lado dos que busquem a paz. Diremos em público o que dizemos privadamente aos israelenses, aos palestinos e aos árabes. Não podemos impor a paz. Privadamente, muitos muçulmanos reconhecem que Israel não sairá de lá. Assim também, muitos israelenses reconhecem que é preciso criar um Estado palestino. É tempo de os EUA agirem na direção do que todos sabem que é verdade.

Muitas lágrimas já correram. Muito sangue já foi derramado... Todos temos a responsabilidade de agir para que chegue o dia em que mães israelenses e palestinas possam ver seus filhos crescer sem medo; quando a Terra Santa das três maiores religiões seja o lugar de paz que Deus quer que sejam; quando Jerusalém seja lar seguro e permanente para judeus, para cristãos e para muçulmanos, e lugar onde todas as crianças de Abraão vivam juntas e em paz, como na história de Isra, quando Moisés, Jesus e Maomé (que a paz esteja com eles) reuniram-se em oração.

A terceira fonte de tensão é o interesse que todos temos quanto aos direitos e responsabilidade das nações, quanto às armas nucleares.

Essa questão tem sido uma fonte de tensão entre os EUA e a República Islâmica do Iran. Por muitos anos, o Iran definiu-se em parte pela oposição ao meu país e há, sim, uma história tormentosa entre nós. No meio da Guerra Fria, os EUA desempenharam um papel na derrubada de um governo iraniano democraticamente eleito. Desde a revolução islâmica, o Iran desempenha um papel em atos de tomada de reféns e ataques violentos contra soldados e civis norte-americanos. Essa história é bem conhecida. Mais do que nos deixar prender no passado, tenho repetido claramente aos líderes e ao povo iranianos que meu país está preparado para avançar. A questão, hoje, não tem a ver com o que o Iran seja contra, mas tem a ver, sim, com o futuro que o Iran queira construir.

Será difícil superar décadas de desconfiança, mas agiremos com coragem, retidão e determinação. Haverá questões a discutir entre os dois países e estamos dispostos a avançar sem precondições, a partir de mútuo respeito. Mas é claro que, em tudo quanto tenha a ver com armas nucleares, alcançamos um ponto sem volta. Não se trata apenas de defender interesses dos EUA. Trata-se de evitar uma corrida nuclear armamentista no Oriente Médio, que poria essa região do mundo em rota de imenso perigo.

Entendo os que protestam, porque alguns países têm armas nucleares e outros não têm. Nenhuma nação pode escolher e decidir quais nações tenham armas nucleares. Por isso, reafirmei fortemente o compromisso dos EUA com buscar um mundo em que nenhuma nação tenha armas nucleares. E todas as nações – inclusive o Iran – devem ter direito de desenvolver capacidades nucleares para finalidades pacíficas, desde que assumam os direitos e os deveres garantidos pelo Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares. Esse compromisso é o núcleo do Tratado e deve ser obrigatório pra todos que firmem o Tratado. Tenho esperanças que todos os países na Região partilhem esse objetivo.

A quarta questão da qual tratarei é a democracia.

Sei que tem havido controvérsia sobre a promoção da democracia nos anos recentes e muito dessa controvérsia está ligada à guerra no Iraque. Permitam-me ser claro: nenhum sistema ou governo pode ou deve ser imposto por uma nação a outra.

Isso, contudo, não enfraquece o meu compromisso com governos que reflitam o desejo popular. Cada nação dá vida a esse princípio à sua maneira, enraizado nas tradições de seu povo. Os EUA não têm a pretensão de saber o que é melhor para todos, tanto quanto não têm a pretensão de alterar o resultado de eleições pacíficas. Mas eu creio profunda e inabalavelmente que todos os povos anseiam por algumas coisas: a capacidade de se manifestar e de ter voz sobre como cada um é governado; confiança na lei e na justa administração da justiça; governo transparente que não roube o povo; liberdade para viver como se escolha viver. Não são só ideias norte-americanos: esses são direitos humanos, e, por isso, os EUA os apoiarão sempre, em todos os lugares.

Não há caminho simples para cumprir essa promessa. Mas há, de claro, o seguinte: governos que protejam esses direitos acabam sempre por ser mais estáveis, mais bem-sucedidos e a oferecer melhor segurança. Suprimir ideias jamais conseguiu fazê-las desaparecer. Os EUA respeitam o direito de todas as vozes pacíficas e respeitadoras da lei que se façam ouvir em todo o mundo, ainda que discordem delas. E acolheremos todos os governos eleitos e pacíficos – sempre que governem com respeito a todo o povo.

Esse último ponto é importante porque há os que defendem a democracia só enquanto estejam longe do poder; uma vez chegados ao poder, tornam-se cruéis opressores dos direitos de outros. Não importa onde seja, o governo do povo e pelo povo é padrão simples para todos os que cheguem ao poder: é indispensável manter o poder pelo consenso, não pela coerção; é indispensável respeitar os direitos das minorias, e participar, com espírito de tolerância e respeito aos acordos; é indispensável pôr o interesse do povo e os resultados legítimos do processo político acima do partido de cada um. Sem esses ingredientes, só eleições não bastam para produzir verdadeira democracia.

A quinta questão de que devo falar também é a liberdade de religião.
O Islam tem honrada tradição de tolerância. Vemos na história da Andaluzia e de Córdoba, durante a Inquisição. Vi em primeira mão, criança na Indonésia, onde cristãos devotos gozam de liberdade de culta em país predominantemente muçulmano. Precisamos desse espírito, hoje. Todos, em todos os países, devem ser livres para escolher e viver a própria fé, por persuasão de mente, coração e alma. Essa tolerância é essencial para que as religiões floresçam, tanto quanto é ameaçada por muitos e diferentes modos.

Entre os muçulmanos, há uma perturbadora tendência a avaliar a própria fé pela rejeição de outras fés. A riqueza da diversidade religiosa deve ser defendida – seja para os maronitas no Líbano ou os coptas no Egito. Devem-se costurar as fraturas também entre os muçulmanos; as divisões entre sunitas e a Xia já levaram a muito trágica violência, sobretudo no Iraque.
A liberdade de religião é central para que os povos consigam viver juntos, Devemos sempre examinar os modos mediante os quais protegemos a liberdade de religião. Nos EUA, por exemplo, regras sobre doações para finalidades religiosas tornaram difícil, para muitos muçulmanos, cumprir algumas de suas obrigações. Por isso comprometi-me a trabalhar ao lado dos muçulmanos norte-americanos, para que possam cumprir o dever de pagar o zakat.

Assim também, é importante que os países ocidentais evitem impedimentos para que os cidadãos muçulmanos pratiquem a religião como decidam praticá-la – por exemplo, tentando determinar o tipo de roupa a ser usado pelas mulheres muçulmanas. Impossível não ver que há hostilidade disfarçada contra algumas religiões, por trás dessa máscara de liberalismo.

A religião deve, sempre, nos unir, todos. Por isso, estamos preparando projetos públicos para aproximar cristãos, muçulmanos e judeus. Por isso acolhemos com alegria os esforços do rei Abdullah da Arábia Saudita, de seu diálogo entre várias religiões e a liderança da Turquia na Aliança das Civilizações. Em todo o mundo, temos de converter os diálogos em ações de aproximação entre as várias religiões, para, assim construir pontes que levem os povos à ação conjunta – seja para combater a malária na África, seja nos momentos de catástrofes naturais.
A sexta questão sobre a qual quero falar são os direitos das mulheres.

Sei que há muito debate sobre essa questão. Rejeito o ponto de vista de alguns no ocidente, de que a mulher que escolha cobrir os cabelos seria de algum modo menos igual às demais mulheres, mas também creio que se se nega educação às mulheres se lhes sonega direitos de igualdade. Não por acaso, os países em que as mulheres têm acesso a plena educação têm mais probabilidades de alcançar a prosperidade.

Quero aqui ser bem claro: a igualdade para as mulheres não é questão e objeto de discussão, nem é problema, só para o Islam. Na Turquia, no Paquistão, em Bangladesh e na Indonésia, vimos países com maioria de muçulmanos elegerem mulheres para postos de liderança. Ao mesmo tempo, prossegue a luta por direitos iguais para as mulheres em muitos campos da vida nos EUA e em vários outros países do mundo.

Nossas filhas podem contribuiu tanto, para a sociedade, quanto nossos filhos, e nossa prosperidade comum só aumentará de houver condições para que todos – homens e mulheres – alcancem seu pleno potencial. Não acho que as mulheres devem fazer as mesmas escolhas que os homens para serem iguais, e respeito as mulheres que escolham viver suas vidas nos papeis tradicionais femininos. Mas tem de ser escolha das mulheres. Por isso, os EUA trabalharão como parceiros de qualquer país de maioria muçulmana para apoiar a expansão da alfabetização para meninas, para estimular que as jovens trabalhem mediante microfinanciamentos que ajudem as pessoas a realizar seus sonhos.

Por fim, quero discutir desenvolvimento econômico e oportunidade.

Sei que, para muitos, a face da globalização é contraditória. A internet e a televisão podem trazer conhecimento e informação, mas também sexualidade ofensiva e violência a mais absurda. O comércio pode trazer riqueza e oportunidades, mas também enormes rupturas e mudanças nas comunidades. Em todas as nação, também na minha, essa mudança pode provocar medo. Medo de que, por causa da modernidade, percamos o controle sobre nossas escolhas econômicas, nossas políticas e, mais importante, sobre nossa identidade – tudo o que mais prezamos nas nossas comunidades, nossas famílias, nossas tradições e nossa fé.

Mas também sei que não se pode negar o progresso humano. Não tem de haver contradição entre desenvolvimento e tradição. Países como o Japão e a Coreia do Sul viram suas economias crescerem, sem deixar de manter culturas distintas. O mesmo vale para o espantoso progresso de países de maioria muçulmana, de Kuala Lumpur a Dubai. Em tempos antigos e nos nossos tempos, sempre houve e há comunidades muçulmanas da linha de frente da inovação e da educação.

É importante, porque nenhuma estratégia de desenvolvimento pode ser baseada apenas no que vem da terra, nem será sustentável se os mais jovens não encontrarem empregos. Muitos Estados do Golfo gozaram de grande prosperidade por causa do petróleo, e alguns estão começando a focar-se em desenvolvimento mais amplo . Mas todos temos de reconhecer que educação e inovação serão a moeda de troca do século 21, e ainda há muitas comunidades muçulmanas nas quais o subdesenvolvimento ainda predomina nessas áreas. Estou reforçando esses investimentos nos EUA. E, se os EUA, no passado, visaram prioritariamente o petróleo e o gás nessa parte do mundo, agora buscamos engajamento mais amplo.

Na educação, expandiremos programas de intercâmbio, aumentaremos as bolsas de estudo, semelhantes às que levaram meu pai aos EUA, ao mesmo tempo em que estimularemos que mais norte-americanos estudem em comunidades muçulmanas. Haverá bolsas para estudantes muçulmanos promissores, para que prossigam seus estudos nos EUA; investiremos em formação à distância para professores e crianças em todo o mundo; e criaremos uma nova rede online, de modo que um adolescente no Kansas possa comunicar-se instantaneamente com um adolescente no Cairo.

Para o desenvolvimento econômico, criaremos um novo corpo, no mundo dos negócios, para os que queiram encontrar parceiros nos países de maioria muçulmana. Participarei de um encontro de cúpula sobre empreendedorismo, esse ano, para encontrarmos meios para aprofundar laços entre líderes empreendedores, fundações e empreendedores do campo social nos EUA e em comunidades muçulmanas em todo o mundo.

No campo da ciência e da tecnologia, lançaremos um novo fundo para apoiar o desenvolvimento tecnológico em países de maioria muçulmana, e para levar idéias ao mercado, porque assim se criam empregos. Abriremos novos centros de produção científica de excelência na África, no Oriente Médio e no sudeste da Ásia e indicaremos novos enviados especialistas em ciências para que colaborem em programas para desenvolver fontes alternativas de energia, criar empregos ‘verdes’, digitalizar dados e informações, reciclar resíduos e aumentar colheitas. E hoje estou anunciando um novo esforço global com a Organisation of the Islamic Conference para erradicar a pólio. Também estamos expandindo as parcerias com comunidades islâmicas para promover a atenção médica à saúde maternal e neonatal.

Todas essas iniciativas devem ser implementadas em parcerias. Os norte-americanos estão preparados para reunir-se aos demais cidadãos e demais governos; às organizações comunitárias, aos líderes religiosos, aos homens de negócio nas comunidades muçulmanas em todo o mundo, para ajudar nosso povo a alcançar uma vida melhor.

Nenhuma das questões que descrevi são fáceis de resolver. Mas é nossa responsabilidade nos reunirmos em nome do mundo que buscamos – um mundo no qual os extremistas não ameacem nosso povo; que os soldados norte-americanos estejam de volta à casa; um mundo no qual israelenses e palestinos, cada um vivam seguros em seu próprio Estado, e a energia nuclear seja usada para finalidades pacíficas; um mundo no qual os governos sirvam aos cidadãos e os direitos de todos os filhos de Deus sejam respeitados. Esses são interesses mútuos. Esse é o mundo que buscamos. Mas só o poderemos alcançar juntos.

Sei que há muitos – muçulmanos e não-muçulmanos – que questionam se poderemos forjar esse novo começo. Uns anseiam por fazer subir as chamas da divisão e pôr-se como obstáculo no caminho do progresso. Outros sugerem que o esforço não vale a pena – que estamos condenados à dissensão, e as civilizações fatalmente entrarão em choque. Muitos mais são simplesmente céticos, não crêem que possa ocorrer qualquer mudança real. Há tanto medo, tanta desconfiança. Mas se escolhermos nos deixar prender no passado, jamais andaremos adiante. Quero dizer, sobretudo aos mais jovens de todas as fés, em todos os países – vocês, mais do que quaisquer outros, podem refazer esse mundo.

Todos partilhamos esse mundo, apenas por pequena fatia de tempo. A questão é se consumiremos esse tempo dedicados ao que nos mantém separados, ou se nos comprometeremos num esforço – um esforço sustentando – para encontrar base comum a todos, para nos focar no futuro que buscamos para nossos filhos, respeitando a dignidade de todos os seres humanos.

É mais fácil começar guerras do que pôr-lhes ponto final. Mais fácil culpar os outros, do que olhar para dentro; ver o que é diferente, em alguém, do que ver o que temos em comum. Mas temos de escolher o caminho certo, não apenas o caminho mais fácil. Há regra que rege, no coração de todas as religiões – que façamos aos outros, como queremos que nos façam a nós. Essa verdade transcende nações e povos – uma crença que não é nova; que não é nem branca nem negra nem mulata; que não é cristã, muçulmana ou judia. Uma crença que pulsava no berço da civilização, e que ainda pulsa no coração de bilhões. É uma fé em outro povo, e é o que me trouxe hoje aqui.

Temos o poder para fazer o mundo que buscamos, mas só se tivermos coragem para produzir um novo começo, sem perder de vista o que está escrito.

O Santo Corão nos diz: “O humanidade! Homem e mulher te criamos; e em nações e tribos, para que se conheçam uns os outros.”

O Talmud nos diz: “Toda a Torá promove a paz.”

A Bíblia Sagrada nos diz: “Abençoados os que fazem a paz, pois serão chamados filhos de Deus.”

Os povos do mundo podem viver juntos em paz. Essa é a visão de Deus. Agora, esse tem de ser nosso trabalho aqui na Terra. Obrigado. Que a paz de Deus esteja com vocês."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Qual a necessidade do liberté, egalité fraternidad?



De que Serve a Bondade



De que serve a bondade 
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos 
Aqueles para quem foram bondosos? 

De que serve a liberdade 
Quando os livres têm que viver entre os não-livres? 

De que serve a razão 
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa? 



Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos 
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor; 
A faça supérflua! 

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos 
Por criar uma situação que a todos liberte 
E também o amor da liberdade 
Faça supérfluo! 

Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos 
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos 
Um mau negócio! 

Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas' 
Tradução de Paulo Quintela

Frase do Dia...Bob Marley



"As pessoas Que estão tentando
fazer deste mundo pior não estão tirando um dia de folga.Como posso eu?"